sábado, 30 de junho de 2012

Riqueza Semântica


O Bêbado Culto




Um político que estava em plena campanha chegou a uma cidadezinha, subiu em um caixote e começou seu discurso:


- Compatriotas, companheiros, amigos! Nos encontramos aqui convocados, reunidos ou ajuntados para debater, tratar ou discutir um tópico, tema ou assunto, o qual é transcendente, importante ou de vida ou morte. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou ajunta, é minha postulação, aspiração ou candidatura à Prefeitura deste Município.

De repente, uma pessoa do público pergunta:


- Escute aqui, por que o senhor utiliza sempre três palavras para dizer a mesma coisa?

O candidato responde:


- Pois veja meu senhor: A primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto, como poetas, escritores, filósofos etc. A segunda é para pessoas com um nível cultural médio como o senhor e a maioria dos que estão aqui. E a terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele bêbado ali jogado na esquina.


Imediatamente, o bêbado se levanta cambaleando e responde:


- Senhor postulante, aspirante ou candidato! (hic) O fato, circunstância ou razão de que me encontre (hic) em um estado etílico, bêbado ou mamado (hic) não implica, significa, ou quer dizer que meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou ralé mesmo (hic). E com todo o respeito, estima ou carinho que o Sr. merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou ajuntando (hic), seus pertences, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir diretinho (hic) à leviana da sua genitora, à mundana de sua mãe biológica ou à puta que o pariu!


Vaaiii......Mexe com quem tá quieto!!!



Aproveitando o momento do início da campanha política, resolvi postar este texto que nos mostra o quanto é rica nossa língua do ponto de vista semântico (vocabulário). Queridos, tentem explicar qual o humor do texto. Quem quiser se arriscar a explicar, poste nos comentários! Beijos.

quinta-feira, 28 de junho de 2012


“Quem tem medo do Novo Acordo Ortográfico”?



O título acima sempre é usado por mim quando falo do Novo Acordo Ortográfico. As aulas sempre correm bem, os meninos e meninas ficam extremamente atentos e muito participativos. As perplexidades foram surgindo e os porquês começaram a fazer-se ouvir. A cada regra que enuncio, para a eliminação de acentos ou para a utilização do hífen, surgia, de imediato, a exceção evidente e desconcertante. No final, e propositadamente, mostro-lhes um texto escrito numa grafia pós-acordo que, em vez de ser una e inequívoca, era escandalosamente mista e incompatível: uma "salada" de português europeu e português do Brasil. A ideia era que percebessem que, apesar de tudo, o Acordo não nos obriga a nós a escrever "brasileiro" nem aos brasileiros a escrever conforme a grafia de Portugal. Uma vez certa, uma aluna pergunta: “então se eu escrever “perspectiva” estarei a cometer um erro ou não?”

 Explico que em Portugal perspectiva não é aconselhado, ao passo que no Brasil é a grafia certa, pois lá se pronuncia o [k] antes do t. «E se eu estiver no meio do Atlântico?, brincou ela.
E eu tive vontade de nunca mais me dispor a prestar esclarecimentos sobre um absurdo.

Ainda na ordem do dia, o "novo" Acordo Ortográfico atrapalha a vida de muita gente, embora se possa pensar que deixarmos de escrever algumas consoantes que não se pronunciam pode simplificar a tarefa de escrever em português.
Atrapalha, porque as dúvidas surgem a todo o momento, sobretudo quando é necessário escrever palavras compostas ou formadas por prefixação (cocolaborador ou co-colaborador?), ou quando nos preparamos para usar maiúsculas (norte ou Norte?), mas também quando não temos a certeza de se pronunciar, na "norma culta", determinada consoante (Egipto ou Egito?). E atrapalha muitas vezes os professores e os pais que lidam com crianças no ensino básico e cujos manuais e textos de apoio estão escritos de acordo com as duas grafias: a de 1945 e a de 1990. Com efeito, não é fácil para eles, nem para as crianças, gerir com os melhores resultados, ao nível da produção, as leituras "mistas" que se vão fazendo e que vão baralhando as referências ortográficas de cada um.
A fase de transição é realmente muito ingrata. Pela minha parte, por mais que deteste as novas regras que me obrigam a "descaracterizar" as palavras (ação, ator, redação e ótimo parecem-me tão feias...), sei que me vou habituar e que daqui a uns tempos já nem vou pensar mais nisso. Por outro lado, ao lidar quase diariamente com alunos estou consciente de que as dificuldades que muitos adultos revelam na escrita são bem mais abrangentes e graves do que as hesitações provocadas pelas novas regras ortográficas. Custa-lhes tanto expor ideias (quando as têm) por escrito, é-lhes tão difícil distinguir passa-se de passasse, ficam tão atrapalhados quando lhes peço que utilizem um registro cuidado, que o Acordo Ortográfico. Torna-se um pormenor insignificante dentro desse grande problema que é a sua dificuldade de expressão oral e escrita.
Devo ressalvar o fato de não serem todos - há sempre os alunos que nos surpreendem pela positiva, que nos ensinam que nos calam a boca. Dias atrás um aluno me corrigiu uma palavra que usei na forma antiga. Mas os que revelam dificuldades (e que o admitem, até, com tristeza e resignação) são cada vez mais, o que de resto não deve ser novidade para ninguém. Isto só prova que o meu trabalho é importante, ainda bem. Mas às vezes penso: antes não fosse...




Com ou sem o Acordo Ortográfico de 1990, as regras de ortografia andam pelas ruas da amargura...

Proponho, então, que se faça uma caça sem tréguas aos erros espalhados pelo texto que se segue!

Há cerca de um mês, o Sr. Aboim falava com um vizinho recém-chegado em tom peremptório àcerca dos imigrantes. Depois sensurou-se por ter falado de modo tão pejorativo, pois lembrou-se de que a nacionalidade do homem ainda estava por defenir. Tinha-se basiado apenas na sua aparência e concluido que era um dos seus, mas enganara-se. Então não notara que ele até tinha um sotaque ligeiramente exótico?

Ontem apercebeu-se de algo estranho ao olhar através da janela da sala. Saíu, caminhou até á cerca de madeira que delemitava o relvado, e constactou que a estufa, um enorme paralelipípedo beje que sobressaía no verde da paisagem, parecia estar aberta do lado de traz. «Isto trás água no bico», pensou. E, exitante, dirigiu-se para lá.



Quem encontrou os erros me conte?

terça-feira, 26 de junho de 2012

Crônica escrita por uma aluna


O Belo Adormecido



Tudo parado, só se via refletida no silêncio das águas à figura de uma pequenina criança a observar o adormecer da natureza, do nosso Tanque Grande, um “belo adormecido”.

Imaginei o que aquela criança observava. Ela devia imaginar se aquela imensa lagoa tinha “nascido” assim. É eu acho que não, não “nasceu” assim. Antes tinha o brilho do sol batendo no azul da água, hoje esse brilho foi ofuscado. Aquele movimento e brilho singelo foram tomados pela terra vermelha, o reflexo da criança no lago agora é ocupado por um vermelho gritante, talvez esse vermelho seja o lago sangrando de dor pelo que adormeceu: o brilho, a cor azul do céu refletida, o barulho do vento batendo na água.

Tudo adormeceu com o tempo, talvez porque se cansou de sofrer, sofrer com o tempo, com o homem que o esqueceu, que o destruiu. Assim, ele adormeceu.



Crônica escrita pela aluna do 9º Ano - Maianna Neves A. Rocha

Centro Educacional de Ibiassucê

Junho de 2012





domingo, 24 de junho de 2012

A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro (Olimpíada) desenvolve ações de formação de professores com o objetivo de contribuir para a melhoria do ensino da leitura e escrita nas escolas públicas brasileiras.
A Olimpíada tem caráter bienal e, em anos pares, realiza um concurso de produção de textos que premia as melhores produções de alunos de escolas públicas de todo o país. Na 3ª edição participam professores e alunos do 5º ano do Ensino Fundamental (EF) ao 3º ano do Ensino Médio (EM), nas categorias: Poema no 5º e 6º anos EF; Memórias no 7º e 8º anos EF; Crônica no 9º ano EF e 1º ano EM; Artigo de opinião no 2º e 3º anos EM. Nos anos ímpares, desenvolve ações de formação presencial e a distância, além da realização de estudos e pesquisas, elaboração e produção de recursos e materiais educativos.

Uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) e da Fundação Itaú Social, com coordenação técnica do Cenpec — Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro tem como parceiros na execução das ações o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Canal Futura.

Atenção alunos do 9° ano! O lugar onde vivo é tema. O gênero é a crônica. Mãos à obra!